O objetivo do projeto é ofertar aos camponeses e camponesas do sul do Piauí à apropriação de elementos da
cartografia social e da agroecologia como alternativa ao uso de agrotóxicos, a partir de processos educativos e
de fomento à luta por direitos no campo.
Nas últimas décadas presenciou-se o aumento do uso de agrotóxicos
no Brasil, tornando-se o maior consumidor de agrotóxicos desde 2008, fenômeno que gerou impactos à saúde e
ao ambiente. Esse avanço deveu-se ao crescimento das áreas de agronegócio, mas também ao aumento do uso
de agrotóxicos por parte de camponeses. Segundo dados do Censo Agropecuário de 2006, analisados por
Bombardi (2011), cerca de um terço dos camponeses utilizam agrotóxicos no país, questão que tem gerado
uma dependência do uso de agroquímicos por essa agricultura, impulsionando a apropriação da renda da terra
pelos agentes do mercado de comercialização destes insumos químicos, enquanto os camponeses permanecem
empobrecidos. Outros efeitos são as mortes e intoxicações humanas e a contaminação ambiental e dos
alimentos decorrentes do uso de agrotóxicos (BOMBARDI, 2017; RIGOTTO, 2011).
Ressalta-se que a agricultura
de familiar é responsável pela produção da maior parte dos alimentos que abastecem as populações rurais e
urbanas do país, estimada em cerca de 70% do total, de acordo com o Censo Agropecuário (2006). Como
estratégia para amenizar tais problemáticas, processos educacionais relacionados à produção camponesa têm
sido verificados no âmbito da educação do campo e da agroecologia como essenciais à mudança das formas de
produção (ALTIERI, 2002; CAPORAL, 2006; BATISTA; MOLINA, 2015). Neste projeto, a formação sobre
cartografia social, uso de agrotóxicos e alternativas agroecológicas podem contribuir para o fortalecimento da
produção mais saudável e a diminuição da dependência do uso de agrotóxicos pela agricultura camponesa. Para
o desenvolvimento do trabalho serão realizadas oficinas de cartografia social, cursos acerca dos princípios
agroecológicos, impactos do uso de agrotóxicos e as alternativas no campo, envolvendo metodologias
participativas em todo processo formativo. Espera-se que o estudo possa contribuir com o debate no âmbito da
agroecologia, incentivando novas atividades de extensão e novas práticas educativas e agroecológicas, ao passo
que apresente subsídios às políticas públicas e à melhoria da qualidade de vida dos/as camponeses/as e dos
consumidores de alimentos das áreas urbanas e rurais, contribuindo para garantia da soberania e segurança
alimentar e para amenizar as desigualdades regionais e sociais no país.
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